DIA DAS MÃES - MARCIA E FLAVIA

Entrevistamos duas super voluntárias da Operação Sorriso, com um pequeno detalhe: são MÃE e FILHA. A relação das duas no trabalho, como voluntárias, era tão bonita que, de cara, foram sugeridas como personagens para essa entrevista especial que queríamos fazer para o Dia das Mães.
 

Não queríamos histórias bonitinhas ou forçadas, mas algo real, que traz vivências, aprendizados, descobertas. E é essa experiência, de voluntariado em família que Flavia e Marcia Peroba, nossas entrevistadas, compartilham aqui com vocês: 

1- Como vocês conheceram a Operação Sorriso?

Flavia: Em 2008 a Luana, minha amiga de infância, me contou sobre um projeto que a irmã dela ( Luciana Garcia) estava ajudando e que precisariam de voluntários. A Luana sabia que eu sempre buscava fazer algum tipo de trabalho social e como sou louca por crianças, me contou já sabendo que eu ia embarcar totalmente na ideia- no mesmo ano me voluntariei para o programa do Rio como tradutora.

2- Quem decidiu ajudar primeiro? Por que?

Ajudar as duas quiseram de imediato, mas como eu conhecia a Luana, fiquei sabendo antes, decidi antes e comentei com a minha mãe... Ela embarcou na ideia, mas em 2008 ela estaria viajando durante o programa e ficou ajudando por trás dos panos, me ligando todos os dias para saber como estava tudo, procurando formas de apoiar de longe.

 3- Como a outra se envolveu nas ações?

Minha mãe, junto com meu pai e minha escola primária, foram os responsáveis pela minha consciência social, então, não é exagero dizer que ela se envolveu nas ações, assim como eu, porque somos mãe e filha- eu me envolvi porque recebi dela a importância do apoio social e ela se envolveu porque eu me envolvi. Uma colorida bola de neve, nos levou a esse movimento lindo da operação sorriso

Marcia - a mãe: Fiquei me perguntando onde a minha história de trazer o próximo para junto de nós e ir em sua direção começou. Lembrei-me de meu irmão mais velho chegando sorridente para minha mãe dizendo "Põe dois pratos para mim? " Minha mãe, sorriso meio escondido, cara de faz-de-conta-que-não-sei, perguntava: "Por que dois?" Ele dizia "Tem um amigo lá esperando para eu levar" E íamos conhecer mais um destes amigos, "o outro "que de nós se aproximava e em sua direção seguíamos. Creio que este registro sempre  incentivou neste envolvimento e foi natural ter minhas filhas no mesmo movimento. Quando Flavia me falou da Operação Sorriso foi natural nosso acolhimento e, a cada notícia, mais certas do nosso desejo de participar.

4- O que vocês fizeram em prol da Operação Sorriso?

Eu fui voluntária em 2008, 2011 e 2012, e em 2011 e 2012  e minha mãe 2011 e 2012 e em 2011 e 2012 promovemos eventos no nosso círculo familiar e de amigos para arrecadarmos doações para as crianças.

Marcia- a mãe: Quero acrescentar que atuei como Psicóloga em 2011 e 2012 e o que recebi de cada paciente, familiares, companheiros voluntários alimentaram-me por tempos infinitos. Sentir que podemos acolher a dor e a alegria, percebermos que contribuímos para amenizar um pouco a dureza da jornada de alguém, reforça a crença em nós mesmos, ficamos mais consciente de que sempre temos o que aprender e compartilhar.

5- O que é mais importante para uma mãe em ver seus filhos envolvidos em ações humanitárias?

Marcia- a mãe: É impossível responder a esta pergunta sem confessar que neste momento sinto-me bastante emocionada ao dar-me conta desta parceria. Reconhecer nela a lição aprendida com minha mãe me enche de orgulho e me emociona. Tenho plena consciência de que somos responsáveis pelo mundo em que vivemos e em consequência, pelos que nele habitam. Envolver-se em ações além de nosso ambiente familiar é fazer a nossa parte. Então ver a alegria de minha filha em todos os momentos em que está em alguma ação é certificar-me que para ela este é um movimento natural e prazeroso, é ver que ela também se nutre com cada relação que estabelece, sai mais rica quando se entrega nesta direção.

6- Que diferença faz para uma filha ver sua mãe trabalhando em ações sociais?

Flavia- a filha: Eu fico absolutamente orgulhosa dela cada vez que a vejo em algum tipo de movimento de ajuda do próximo. Não deixa de ser uma forma de meio que emprestar minha mãe para ser mãe um pouquinho de outros e a mãe que eu tenho, todo mundo merece um pedacinho. Gosto de ver esse amor que ela tem pelas filhas, passar para os outros. Dizem que ser mãe é doar-se sempre sem nada em troca, o voluntário é um pouco de uma doação de si pelo outro, então nada mais condizente com ela do que ser voluntária e humanitária

7- O que acrescentou na relação de vocês essa experiência?

Flavia- a filha: Nossa, nas semanas do programa parece que vivemos a mesma vida de novo, sabe? Na vida adulta é difícil alguém com quem acordar no mesmo horário, ir para o mesmo lugar, comer junto, mesmos assuntos e interesses, e naqueles dias de sorrisos ficamos assim. Nós já somos muito próximas, mas no final do dia eu poder perguntar como o João Daniel se comportou no pré cirúrgico e ela poder me dizer e perguntar como foi o pós faz uma certa diferença... Um algo a mais.

Marcia-a mãe: Sabe essa palavrinha CUMPLICIDADE? Então, cada vez que combinávamos nosso dia, dividíamos experiências do nosso dia, tínhamos a certeza que a outra sabia do que estávamos falando, é como lá no início de nossas vidas de mãe e filha em que um sistema de comunicação é estabelecido e cuja chave somente as duas conhecem. Convivermos em um espaço onde observamos a produção da outra fora do ambiente familiar, é ampliar o conhecimento sobre a outra, é estender o conhecimento sobre as habilidades da outra, é ser complementar , é ser parceira em mais um aspecto da vida. Maior orgulho de ser mãe de Flavia. É renovar votos de amor.

“Toda criança que nasce com deformidade facial é nossa responsabilidade. Se nós não cuidarmos dessa criança, não há nenhuma garantia de que outra pessoa o fará.”

- Kathy Magee, cofundadora e presidente da Operação Sorriso