Duas vezes Maria Cecília

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A missão de Mossoró em 2018 teve vários pacientes que encantaram os voluntários. Uma delas, em especial, conquistou o coração de todos pelo seu rosto de bonequinha e riso fácil: Maria Cecília.

Mas esse não foi o primeiro encontro da nossa equipe com essa princesinha de apenas 8 meses. A família, que mora em Pau dos Ferros (RN), município que faz fronteira com o Ceará, já havia levado a menina à missão de Fortaleza (CE), 3 meses antes. Só que como Maria Cecília era muito novinha na época e a cirurgia poderia trazer riscos, sua mãe, Euridicássia, foi orientada a comparecer à missão de Mossoró. E na segunda vez, deu certo!

Euridicássia descobriu que teria uma filha fissurada ao fazer um ultrassom aos 6 meses de gravidez. “Na hora foi um choque. Fiquei assustada e chorei muito, ainda mais porque a fissura era no lábio e no palato, mas o médico disse que tinha tratamento”, lembra.

Mesmo tendo um primo com fenda labial, ela nunca pensou que sua filha pudesse nascer com essa má-formação, ainda mais porque ela já tinha tido outro filho, que nasceu sem problemas de saúde.

O choque inicial da descoberta da fissura labiopalatina foi o gatilho para ela se tornar uma especialista no tema. “Comecei a pesquisar sobre isso na internet. Precisava saber como era a cirurgia reparadora, a alimentação, os riscos, o pós-cirúrgico... tudo! Queria oferecer o melhor pra ela”, conta Euridicássia.

A calma do marido, que que sempre enxergou a situação com otimismo, reassegurando que eles conseguiriam o tratamento, também ajudou.

Até que chegou o dia do parto. Euridicássia se recorda que quando viu o rostinho da filha, com as bochechas vermelhinhas, nem reparou na fenda labial. O amor foi maior que tudo!

A Operação Sorriso entrou na vida dela por conta do Instagram, que ela seguia, e também de uma amiga, que integra a Apafis – Associação de pais e Amigos de Fissurados do Rio Grande do Norte, grupo que apoia o trabalho da Operação Sorriso.

Quando soube que aconteceria uma missão na capital cearense, enfrentou 5 horas de viagem em busca da cirurgia. “Nem sabia que faziam essa cirurgia no Brasil; achei que a organização só operava nos Estados Unidos – e se precisasse, eu ia até lá pra conseguir operar a Maria Cecília!”, diz ela, rindo.

Porém, a pouca idade a obrigou a voltar para casa com a esperança de conseguir a cirurgia na missão seguinte, em Mossoró. Por sorte, essa missão aconteceu apenas 3 meses após a de Fortaleza. E dessa vez, Maria Cecília foi uma das 63 selecionadas para ser operada!

Euridicássia sabe que essa cirurgia é a primeira de uma série que sua bebê ainda precisará fazer para ficar plenamente reabilitada, porém ela também tem consciência da diferença que essa operação fará na vida da garota. “Desde agora as coisas já começam a mudar. Aquelas pessoas que olham um pouco diferente pra ela não vão mais ter o olhar preconceituoso. E ano que vem volto com certeza para fechar o palato dela com vocês”, conta, animada com a confirmação da missão de Mossoró em 2019.

E ela aproveita para deixar um recadinho para a equipe de voluntários: “O pessoal aqui tem tanto amor pelos pacientes, que a gente acaba sendo contagiado por esse amor. Queria agradecer de coração a cada um deles que tá aqui cuidando de crianças como a minha Maria Cecília”.

Nós também nos enchemos de amor com essas declarações lindas. E já estamos ansiosos para reencontrar essa família na missão do ano que vem!

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Se você gostou dessa história e quer ajudar mais crianças a terem a mesma oportunidade que a Maria Cecília, clique aqui para fazer uma doação.

“Toda criança que nasce com deformidade facial é nossa responsabilidade. Se nós não cuidarmos dessa criança, não há nenhuma garantia de que outra pessoa o fará.”

- Kathy Magee, cofundadora e presidente da Operação Sorriso