MAIS FORTE QUE UMA ROCHA

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É um dia comum, igual a tantos outros. A água gelada caindo da torneira alivia um pouco o calor. As louças vão sendo lavadas uma a uma, tranquilamente. No rádio, a voz do locutor anuncia que em Santarém deve ter chuva no fim da tarde. De repente, um leve mal-estar toma conta do corpo. As pernas, antes firmes no chão, começam a tremer. A dor vem em pontadas. Andar até um banquinho próximo é o objetivo, mas o corpo parece não obedecer aos comandos. Até que uma pessoa ouve os gritos de socorro e aparece para ajudar.

Foi assim, de repente, numa tarde qualquer, que a dona de casa Jéssica, na época com 25 anos, descobriu que estava grávida de cinco meses de seu terceiro filho, José Pietro. “Não sentia enjoo, sono, nada. E na gravidez dos meus outros filhos, a barriga também não cresceu muito,” lembra.

Logo no primeiro ultrassom, já foi constatado que o menino tinha uma fissura labial. Foi um choque para Jéssica e seu marido, José Raimundo, pois eles jamais imaginariam ter um filho com uma malformação. Dias depois, ainda abalado com a notícia, o pai do bebê descobriu que tinha um parente distante com fissura labiopalatina.

Após o nascimento de José Pietro, a relação entre pai e filho demorou um pouco para se fortalecer. José Raimundo ainda tinha dificuldade para entender porque justo seu filho havia nascido com uma malformação. Mas depois de um mês, eles eram só amor e união, segundo Jéssica.

O fato de estarem tendo um filho juntos pela primeira vez – ela tem duas crianças de uma relação anterior e ele, uma filha – fez com que ambos refletissem muito sobre o conceito de família.

José Raimundo perdeu o pai cedo. Já Jéssica cresceu sem a presença do pai e da mãe, que se mudaram para outras cidades por causa de trabalho. Por isso, ela viveu com a avó dos 2 até os 16 anos. “Sei o que é falta de amor,” diz Jéssica. “Considero minha avó uma mãe mais velha. Ela é tudo para mim. E hoje, quando olho para a família que construí com meu marido, fico muito feliz por ver esse mesmo amor que sinto por ela, entre eu e meus filhos.”

Jéssica afirma que José Pietro veio para fortalecer ainda mais a relação entre eles. O nome Pietro significa rocha. “É forte! Pela idade e por tudo pelo que ele já passou, nos inspira muito,” conta.

Em 2018, quando tinha apenas 10 meses, José Pietro fez sua primeira cirurgia para fechar o lábio em uma missão da Operação Sorriso, em Santarém (PA). Um ano mais tarde, ele estava de volta para realizar outra cirurgia, dessa vez para fechar o palato.

Por sorte, a missão aconteceu na cidade onde moram. “Se não fosse pela Operação Sorriso, ele provavelmente ainda estaria com o lábio e o céu da boca abertos. Acho que nunca conseguiria esse atendimento, ainda mais de graça, aqui perto. Teria que ir até a capital ou mesmo outro Estado,” conta Jéssica.

Ela espera trazer José Pietro na missão do próximo ano para fazer a revisão pós-operatória e, quem sabe, ouvir que seu filho agora só precisa do tratamento complementar fonoaudiológico e odontológico. “Sou muito grata pelo trabalho que vocês fazem. Os voluntários têm mãos de anjos!”

Esperamos rever Jéssica e José Pietro no próximo ano e que eles venham cheios de novas histórias de amor para compartilhar!

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Se você gostou dessa história e quer ajudar mais crianças a terem a mesma oportunidade que o José Pietro, clique aqui para fazer uma doação.

“Toda criança que nasce com deformidade facial é nossa responsabilidade. Se nós não cuidarmos dessa criança, não há nenhuma garantia de que outra pessoa o fará.”

- Kathy Magee, cofundadora e presidente da Operação Sorriso