O PASSARINHO NO GALHO

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Um pássaro apoiado em um delicado galho, com três pequenos passarinhos ao lado. O gracioso desenho que está tatuado no ombro de Maria Sheury simboliza o amor que ela sente pela família: o marido Luis Carlos e os dois filhos, Luna e Luís Gustavo.

A equipe da Operação Sorriso conheceu Luís Gustavo primeira vez na missão do Cariri (CE), em outubro de 2018. Na época com 8 meses, ele foi um dos selecionados para a cirurgia, mas uma das médicas ouviu um chiado no peito do menino. Na esperança de curá-lo, a equipe médica o medicou e acompanhou Luís Gustavo nos dias seguintes, mas como seu quadro não evoluiu a tempo, a operação acabou sendo cancelada. “Fiquei triste, porque tava na expectativa, mas entendi que fizeram aquilo por uma questão de segurança para o meu filho,” disse Sheury.

Enquanto arrumava as malas para deixar o hospital, a coordenadora do programa humanitário pegou seu telefone, porque dentro de alguns meses a ONG realizaria uma missão em Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte. Apesar de Sheury morar no Crato (CE), a viagem até Mossoró reacendeu sua esperança. Afinal, o que estava em jogo era a cirurgia reparadora gratuita para seu bebê.

Nem Sheury, nem seu marido tinham visto uma criança com fissura labial até o nascimento de Luís Gustavo. “Fiz quatro exames de ultrassom, mas não apareceu em nenhum. Então foi uma surpresa quando vi que ele tinha nascido com aquele buraquinho na boca”, lembra ela. “No hospital me orientaram sobre como alimentá-lo, só que logo que voltei pra casa, fui dar de mamar, ele engasgou e saí chorando. Assim que me acalmei, resolvi pesquisar mais por conta própria sobre como cuidar de uma criança com fenda.”

Em sua pesquisa, Sheury conta que ficou feliz ao se deparar com várias fotos de crianças que tinham nascido com a mesma malformação que seu filho, mas que haviam sido operadas e ficaram com a aparência perfeita.

Também foi graças à internet que ela ficou sabendo sobre a ida da Operação Sorriso ao Ceará. A cirurgia gratuita era um sonho distante para a família, que não esperava conseguir o tratamento tão cedo, tão perto de casa e sem custos. “Eu nunca tive vergonha de sair com o Luís Gustavo na rua, só que às vezes alguém apontava o dedo para ele e sabia que era por causa da boca. Então queria resolver isso o mais rápido possível, até pra ele não sofrer quando crescesse,” conta.

A frustração na missão do Cariri se transformou em uma enorme alegria 4 meses mais tarde. Uma viagem de ônibus de 12 horas os levou até Mossoró (RN), para outra missão humanitária da Operação Sorriso.

Alguns voluntários reconheceram Luís Gustavo, que sempre retribuía o carinho com um enorme sorriso. De colo em colo, de sorriso em sorriso, aos poucos ele foi se transformando no mascote da missão.

Mais uma vez, ele foi selecionado para operar. E dessa vez, como estava em perfeitas condições de saúde, a cirurgia aconteceu no dia marcado. Antes da operação, enquanto aguardava a equipe médica vir buscar Luís Gustavo, Sheury observava seu filho brincar, como se quisesse guardar na lembrança uma última imagem dele com a fissura no lábio. “É incrível, né? Só 45 minutos de cirurgia e muda tanta coisa...”, comentou, baixinho.

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Poucos minutos depois, Luís Gustavo entrou no centro cirúrgico nos braços do anestesista. Começou, então, a contagem regressiva para o início de uma nova vida para o pequeno mascote de Mossoró.  

Cerca de uma hora mais tarde, ela foi chamada para rever seu filho. “Amei o resultado! Ficou muito diferente, o nariz também mudou. Tá lindo!” Sheury era só alegria!

Nem bem tinha voltado para o quarto, e a foto do novo sorriso de Luís Gustavo já tinha sido enviada para o marido, a cunhada, a irmã...

Quando perguntada qual mensagem gostaria de deixar para as outras mães de crianças nascidas com fissura labiopalatina, Sheury não titubeou: “Continuem acreditando que existem pessoas boas no mundo. Eu viajei 12 horas para participar dessa missão e valeu cada segundo! Se você tiver a oportunidade, venha também. Esses médicos vão mudar a vida das suas crianças!” 

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Se você gostou dessa história e quer ajudar mais crianças a terem a mesma oportunidade que o Luis Gustavo, clique aqui para fazer uma doação.

“Toda criança que nasce com deformidade facial é nossa responsabilidade. Se nós não cuidarmos dessa criança, não há nenhuma garantia de que outra pessoa o fará.”

- Kathy Magee, cofundadora e presidente da Operação Sorriso