AS CONQUISTAS DE UM NOVO SORRISO
Vitor Hugo é um garoto de 5 anos muito curioso e cheio de energia. Enquanto aguarda ser chamado para a cirurgia, corre de um brinquedo para outro, posa para fotos e brinca com outras crianças e voluntários. Nem parecia que estava prestes a ser operado, tamanho o divertimento do menino.
Sua mãe, Simone, acompanha a intensa movimentação de Vitor com o olhar, enquanto conta a história de vida dele. Quem a vê assim, sentada, com a feição calma, não imagina pelo que a família já passou. Vitor é o mais novo de 3 meninos. Um de seus irmãos sofre de autismo, além de ser surdo e mudo, e Vitor nasceu com fissura no lábio e no palato.
Ela nunca tinha visto uma pessoa com fissura, até receber Vitor nos braços, logo após o parto. “Fiquei tranquila quando recebi a notícia”, lembra Simone. “O médico disse que era possível operar a fenda e isso me acalmou. ” Mas ele não indicou onde, nem deu explicações específicas de como cuidar de um fissurado. Os aprendizados – como dar de mamar, alimentar, dar líquidos – vieram no dia a dia.
Pouco depois do nascimento de Vitor, a família conseguiu incluí-lo na lista de espera pela cirurgia reparadora em Belém. Porém, cinco anos já se passaram e até agora ele não foi chamado. Sem esperanças e cansada de esperar, Simone pediu a um tio para consultar um médico particular em São Paulo. Porém, ao saber que o procedimento custaria cerca de R$ 20 mil, mais uma vez ela se sentiu desiludida.
Caso não conseguisse a cirurgia pela Operação Sorriso, Simone ia tentar fazer uma vaquinha entre a família para conseguir custear o tratamento.
Victor também não frequenta a escola ainda, pois sua mãe acha que ele sofreria muito preconceito por conta da aparência do lábio. “Sem ir pra escola ele já sofre com os olhares, imagina indo”, diz ela com certa tristeza no rosto. Simone recorda que certa vez, um menino da mesma idade de Vitor saiu chorando com medo dele. Ele tem muitos amigos sem fissura que o tratam normalmente, mas mesmo assim ela teme pelo que podem fazer com o garoto.
Sua fala é difícil de entender, mas isso não o impede de se comunicar com outras pessoas por meio de gestos, pois ele é bastante expressivo.
A família é de Uruará, na região central do Pará, e a viagem para participar da missão humanitária em Santarém levou cerca de 3 horas. No mesmo carro da prefeitura, vieram também uma amiga e seu filho, que tem fissura palatina e já havia realizado uma cirurgia com a Operação Sorriso antes.
Quando questionada sobre o que a cirurgia mudaria na vida de Vitor, Simone responde com serenidade: “Na verdade, tudo. Ele vai entrar na escola, melhorar a alimentação... Ele não consegue comer direito algumas coisas, porque machuca o céu da boca, então acho que vai ser como se começasse uma vida nova” comenta.
“Vitor Hugo”. A voz da enfermeira ecoa pelos corredores. Chegou a hora de descer para o centro cirúrgico.
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A cirurgia correu bem e a fenda labial de Vitor não existe mais. Já no quarto, Simone promete que a primeira coisa que fará ao voltar para casa será matriculá-lo no colégio.
Quando questionada sobre qual outro sonho ele realizaria com o novo sorriso no rosto, Simone diz que ele finalmente poderá tomar Toddynho de canudinho, pois antes não conseguia sugar a bebida. Algo tão banal para qualquer pessoa, mas impossível para quem nasce com fissura no lábio.
Agora, com um novo sorriso no rosto e as esperanças renovadas, Vitor pode começar a sonhar mais alto.
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